Apoio Emocional em Desastres: Como Ajudar

(Importante: essas instruções são válidas para toda situação de forte impacto emocional).

      O estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma crise humanitária sem precedentes devido às intensas chuvas e inundações que assolam a região. Com milhares de pessoas desabrigadas, cidades completamente alagadas e um número crescente de vítimas, é crucial oferecer apoio emocional à população afetada por essa tragédia.

            Em situações de desastre, como essa que estamos vivendo no estado do Rio Grande do Sul, é natural que as pessoas afetadas experimentem uma ampla gama de emoções intensas. O pânico, o medo, a desesperança e o choro são reações emocionais normais e esperadas diante de uma crise tão avassaladora. À medida que os dias passam, é comum que a intensidade dessas emoções diminua gradualmente, as pessoas começam a processar o que aconteceu e a se adaptar à nova realidade.

      É importante reconhecer que as pessoas que se voluntariam para ajudar também podem experimentar esgotamento emocional e estar em alto risco de estresse devido à natureza desgastante do trabalho voluntário em situações de crise. É essencial que esses voluntários cuidem de si mesmos e busquem apoio emocional quando necessário.

União ao Sofrimento do Outro e Formas Efetivas de Ajudar

        Estamos vendo pessoas de outras regiões se comovendo com a situação e querendo ajudar de alguma forma. No entanto, é importante canalizar esse desejo de ajudar de maneira efetiva e organizada em vez de agir impulsivamente ou de forma desordenada, é fundamental buscar formas de auxiliar que sejam realmente úteis e necessárias para as pessoas afetadas.

Por isso, percebemos que era essencial trazer essa matéria para fazer algumas pontuações que te ajude a ajudar e a se cuidar também!

Reações Normais nos Primeiros Dias

      Nos primeiros dias após uma catástrofe, é comum que as pessoas experimentem uma ampla gama de emoções intensas, incluindo medo, ansiedade, tristeza e choque. Essas reações emocionais podem variar em intensidade e duração, mas geralmente diminuem gradualmente à medida que a pessoa começa a processar o que aconteceu e a se adaptar à nova realidade.

Avaliação da Recuperação

É importante observar como as pessoas estão se recuperando após uma catástrofe, especialmente após os primeiros dias de choque inicial. Geralmente, é somente após cerca de duas semanas do evento que podemos começar a avaliar mais claramente como as pessoas estão lidando emocionalmente e identificar quaisquer sinais de problemas de saúde mental que possam exigir intervenção.

 

Primeiros Cuidados Psicológicos:

  1. Segurança e Apoio Social e Físico:
    • Verifique e atenda às necessidades básicas das pessoas, incluindo alimentação, água, abrigo, cuidados médicos e medicamentos, garantindo que elas tenham acesso a tudo o que precisam para garantir seu bem-estar físico e emocional.
    • Priorize criar um ambiente seguro e reconfortante para as pessoas afetadas, onde elas se sintam protegidas e apoiadas.
    • Ofereça apoio social e físico, como abraços, palavras de conforto e assistência prática.
  2. Facilitação da Comunicação e Organização de Pensamentos:
    • Ajude as pessoas a processar suas emoções intensas e organizar seus pensamentos, oferecendo uma comunicação clara, direta e compreensível.
    • Resuma informações importantes e ajude a pessoa a pensar de forma mais estruturada, auxiliando na construção de uma linha de raciocínio coerente.
  3. Promoção do Protagonismo:
    • Incentive as pessoas a se sentirem capacitadas a ajudar a si mesmas e aos outros, promovendo um senso de protagonismo e autonomia em relação à sua própria recuperação.
    • Ajude a identificar recursos internos e externos que possam ser mobilizados para enfrentar a situação e promover a resiliência.
  4. Respeito à Diversidade Cultural:
    • Reconheça e valorize as diferenças culturais entre as pessoas que estão compartilhando o mesmo espaço temporário, como um abrigo.
    • Promova uma convivência respeitosa e inclusiva, incentivando o diálogo intercultural e a colaboração mútua.
  5. Normalização das Reações Emocionais:
    • Psicoeduque as pessoas sobre a normalidade de suas reações emocionais diante de uma situação de crise, como tristeza, desespero e ansiedade.
    • Ajude a reduzir o estigma em torno das emoções intensas, validando e normalizando as experiências emocionais das pessoas afetadas.

 

Auxiliando em Crises de Pânico: Orientações Práticas

            Para aqueles que estão experimentando crises de ansiedade ou pânico, é útil oferecer instruções firmes e diretas para ajudá-los a acalmar suas emoções e a se centrarem no momento presente. Recomenda-se técnicas de respiração profunda, como respirar pelo nariz e expirar pela boca, assim como utilizar água gelada ou gelo nas mãos e no rosto para ajudar a acalmar o sistema nervoso. Praticar mindfulness e focar no momento presente pode ajudar as pessoas a se sentirem mais calmas e a lidarem melhor com a situação.

Sinais de Alerta de Crise Mental

Ideação suicida elevada e confusão mental significativa são sinais de alerta de que uma pessoa pode estar enfrentando uma crise mental grave. É crucial prestar atenção especial a esses sinais, especialmente em pessoas que têm transtornos mentais pré-existentes, pois elas podem estar em maior risco de descompensação durante ou após uma catástrofe.

Em casos assim, encaminhe para uma assistência psicológica especializada. 

 

Papel dos Psicólogos

          Os psicólogos desempenham um papel crucial no suporte emocional durante catástrofes, atuando como ponte de comunicação efetiva das necessidades básicas das pessoas afetadas. Além disso, os psicólogos podem trabalhar em colaboração com equipes de resposta a emergências e profissionais de saúde para garantir que as necessidades psicossociais das pessoas afetadas sejam atendidas de maneira abrangente e eficaz.

No entanto, é importante ressaltar que o suporte emocional não precisa ser fornecido exclusivamente por psicólogos, todos podem desempenhar um papel crucial oferecendo os primeiros socorros emocionais ao praticar a escuta ativa, oferecer apoio prático, promover a solidariedade comunitária e respeitar os limites individuais das pessoas afetadas, podemos fazer a diferença e ajudar as pessoas a lidar com a crise de forma mais eficaz e a construir um futuro mais resiliente para todos.

Se necessário encaminhar para um profissional especializado pode ser uma etapa crucial no processo de recuperação emocional.

Junte-se a nós nesse esforço de apoio emocional e vamos trabalhar juntos para superar essa crise e reconstruir o que foi perdido.

Juntos somos mais fortes!

Essa matéria foi escrita por:

Gabriele Cheder Tedesco Abreu / 

CRP – 06/142582

Psicóloga fundadora da CIENTE Psicologia